ARTE POR AMOR, CONSOLO SEGURO CONTRA DOR

Lamento ter que interromper a divulgação do espetáculo Jo(ã)o Ninguém, para dar vazão a um sentimento que transborda em mim agora. O fato é que todo artista tem ânsia de dar vazão aos seus rompantes, e eu como reles humana que sou não seria diferente. Meu intuito com esse espaço é mostrar a face humana do ser artista, seus sentimentos, seu dia-dia e suas emoções, é transfigurar e desmitificar a idéia de felicidade plena dos artistas.

Artista também chora, dorme, come e sofre, quantos e quão variados são os seus problemas, eles variam desde a manutenção da saúde, conflitos familiares e emocionais, como a constante e companheira ansiedade, até a vida pública. Nós artistas somos meros mortais, como qualquer outro ser humano, no entanto, precisamos ser o mais integros possível na arte de retratar a vida humana, e nossa missão é traduzir muitas vezes o intraduzível, ser artista é também ser amante do inefável, as vezes o mundo esquece que também temos sentimentos, e conferem-nos missões e comportamentos, que nos poem a um patamar desigual em relação aos demais humanos, é um preço a se pagar, como somos foco, precisamos as vezes nos abster de nossa privacidade e de nossa humanidade, porque devemos estar sempre prontos para um flash e no mínimo, devemos ser exemplo... Hoje o meu desejo é falar, falar um pouco sobre ser artista, mas sobre o "ser" artista com todas as responsabilidades que nos cabe, e ao mesmo tempo, mostrar que as vezes vivemos duas realidades completamente opostas na mesma personalidade. São tantas as vezes que temos que travar um duelo interior, isso para ser alguém que tem uma missão tão importante como a do artista, que é educar através da arte e para a arte, e passar uma mensagem através da mesma, por outro lado, desempenhar sua missão e enfrentar a falta de verba, de material, de apoio, e em alguns casos o descaso das instituições. Travamos o duelo de ter que transparecer que está tudo ótimo e ao mesmo tempo conviver com um tratamento aquém de nosso papel e importância, e ter que passar por cima disso, para não acabar perdendo o pouco espaço que já temos. Aproveitando a deixa, despojo-me aqui do meu eu atriz, filósofa e turismóloga, para me joanizar, vestir a roupa do espetáculo didático do qual faço parte, para retratar a minha dor, espero poder conseguir retratar didaticamente conforme o vivenciado... ...Joana Ninguém, nasceu em 21 de fevereiro de 1988 na cidade Jequié, desde que nasceu, como diz ela "vive estrelando nos palcos da vida". Tenta incessantemente desenvolver suas habilidades artísticas,isso das mais variadas formas possível, no tão grande intuito de que tudo dê certo para ela um dia, dessa forma, acaba sendo confundida por alguns, inclusive por alguns que ama, como alguém que não sabe o que quer. Joana já foi modelo fotográfica, "bailarina", nadadora, carateca, catequista, cantora (em ministério de música), escreveu poemas, ihhh é pano pra manga! E olha que algumas dessas coisas ela ainda faz, como cantar (agora só por diversão), escrever poemas e atuar. Joana é uma menina mulher esforçada, e já fez até um bocadinho de coisas, nessa imensidão que é a arte, no entanto, sua insegurança, misturada com sua timidez já a fez meter os pés pelas mãos, e perder algumas boas oportunidades algumas vezes... ...Seu maior desejo, é o respeito das pessoas de forma geral, conhecê-la é uma boa forma de evitar julgamentos e apontamentos exacerbados, porque erros quem não os têm? Hoje aos 22 anos, depois de um trajeto histórico de aprendizagem nessa escola que é a vida, Joana é atriz, estudante de teatro, e uma aspirante das artes, as vezes enche-se de paranoias e inseguranças e curte uma depressão alternativa, talvez porque quer ver logo seus sonhos realizados, e principalmente porque ainda está construindo-se e ganhando respaldo para ser alguém, e para conviver e sobreviver com as mais diversas personalidades e opiniões desse universo variado que a cerca, em que em algumas situações, ela se percebe ainda algumas vezes destratada ou subjulgada. Apesar dos pesares, Joana é persistente e positiva, e a arte lhe é alegria, escudo, refúgio, acalento, um porto sempre seguro! Joana ninguém é uma eterna apaixonada pela vida, e compreende a vida como arte, ela tem um coração gigante e visionário. Para ela, atuar é e deve ser um ato de amor, um amor para com seu público, para com o mundo, para com a vida, e compreende que através do teatro transcende-se as barreiras sociais que nos prende a esse mundo físico, que na maioria das vezes, é tão cheio de dor. Essa foi a minha história de Joana... essa ai sou eu, uma ninguém, que acredita que só a arte faz de nós um pouco alguém, porque para mim, viver é uma arte!!! Há várias formas de se desenvolver artisticamente, é fato, mas acredito que a vida da conta perfeitamente disso, cada um tem que ser um pouco artista para conseguir sobreviver... ... Lançemo-nos nesse palco que é a vida, sem pudor, pois a arte rompe de nós o que no mundo tem de transgressor... Depois de desabafar, por hoje me despeço, a todos um beijo, fiquem com Deus, porque eu fico aqui e velo um sonho incessante meu, a espera do ENEARTE!!!! POLIANA LOPES